sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Espessura do Tempo_parte IV

Já se aproximava da hora de almoço, mas ainda assim decidimos parar para conhecer mais uma aldeia - Sarzedas. Assim que parámos, o Carlos foi logo reconhecido. Rapidamente fomos convidados para um café oferecido por um senhor muito simpático. Enquanto esperava à porta do café, saiu um desenho, rápido, mas o suficiente para registar o momento, destacando-se o Pelourinho. 


Ainda houve tempo para mais dois registos, em jeito de andamento. As cores vieram  mais tarde.


Esticámos a corda e fizemos uma nova paragem - Escalos de Cima
O desenho à esquerda é de uma casa construída no início do séc. XX, propriedade de um emigrante brasileiro, que voltou do Brasil cheio de dinheiro. Esteve abandonada até há uns anos atrás quando foi adquirida por um "novo milionário".

O Desenho à direita foi feito a caminhar em direção à igreja.


Andava frustrado por não conseguir desenhar o castelo. No último almoço tinha de conseguir lugar com vista para o castelo. Foi só uma nesgazinha, mas deu para o gasto.

Foram dois dias extraordinários. Fico com uma enorme dívida de gratidão à organização, mas sobretudo ao Carlos Matos. Até breve Castelo Branco




sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Espessura do Tempo_ Castelo Branco_parte III

4 de fevereiro domingo_2º dia
 
O dia começou cedo. Mais um pequeno-almoço solitário. Hoje houve tempo para um desenho colorido da paisagem.
 
 
Lá fomos nós novamente, no rally paper desenhado. Hoje temos novos companheiros do risco.
1ª paragem Póvoa do Rio de Moinhos. Depois de uma visita à aldeia saiu o primeiro desenho. Vimos a antiga prisão, a igreja mas ficámo-nos pela antiga casa do Juiz. Se em tempos teve alguma beleza, neste momento está completamente descaracterizada.
 
 
2ª Paragem - Tinalhas
 
A aldeia está deserta, percebemos porquê quando começamos a ouvir os cânticos no interior da igreja. Não sei se foram os cânticos, ou o sol, fiquei-me por aqui. À minha frente o que resta da casa agrícola do Conde de Tinalhas. Está a entrar num processo de ruína comprometedor. No final da missa, encontramos um arquiteto da Câmara que nos explicou um pouco da história da casa. Nascei torta à nascença, com uma péssima construção, ao ponto de terem desistido de a concluir e terem começado outra casa noutro local para o digno conde de Tinalhas. É verdade? não sei, mas gostei da história, sobretudo no final de uma misa...
 
 
Próxima paragem - Barragem da Marateca. Um local de uma beleza inigualável, tal como o frio que se fazia sentir. Ao fundo a gardunha e a serra da estrela. Abriguei-me numas rochas a desenhar. Por momentos perdi a noção do tempo. Desta vez o Carlos teve mesmo de me arrastar para a carrinha...
 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Espessura do Tempo_Castelo Branco_parte II

dia 3 de fevereiro. Parte da tarde.

Antes do almoço ainda fizemos uma paragem, na Ribeira da Magueija. Encontrámos mais um belo moinho, que acabei por desenhar (esq.). O almoço foi no Café da Bica que estava cheio de homens, novos e velhos que se preparam para mais uma tarde de trabalho no campo. Levamos o farnel e fizemos um piquenique na esplanada coberta. Os habitantes que passam, cumprimentam-nos com alegria e curiosidade. Aproveito para desenhar um dos meus colegas de jornada, o Aires, natural de Cabo Verde (ilha da Boavista). Quando a preguiça começa a dominar-nos, arrancamos à busca de novos lugares.


Próxima paragem: Sarzedas
Com o entardecer o frio instala-se de forma severa, levando-nos a procurar locais abrigados. Esta rua estreita, mais precisamente esta casa conseguiram convencer-me. 


De seguida, encontro os restantes desenhadores no "Largo do Pelourinho".

Partimos, rumo a Castelo Branco. Às 17:00 esperava-nos a inauguração da exposição do artista plástico João Gama, que por acaso estava connosco a desenhar. 

Pelo caminho, ainda houve tempo para uma nova paragem - O Moinho da Taberna Seca. Um local incrível. Um conjunto e casas em ruínas que deveria ser a casa do moleiro e anexos, cuja construção revela bem a importância que este lugar terá tido no passado. Junto ao rio, fica o moinho e a levada. Uma estrutura extremamente interessante e singular e de uma enorme beleza.
Estávamos todos preocupados com as horas. Por outro lado, o artista principal estava connosco, logo a exposição não seria inaugurada sem que primeiro tivéssemos chegado. "Vamos João?" e o João responde "Já?, mas a inauguração é só às 17:30 e ainda são 17:00".




terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Espessura do Tempo - Castelo Branco_parte I


Há uns dias atrás, recebi um inesperado convite, que chegou da Câmara Municipal de Castelo Branco, mais precisamente do Carlos Matos - Participar no projeto Espessura do Tempo.
 
Por vários motivos, mas sobretudo por me rever neste tipo de projectos e no trabalho do Carlos, decidi aceitar o convite.
 
No sábado de manhã, num pequeno almoço solitário, saiu o primeiro desenho. Fiquei no Tryp Colina Hotel, com uma vista soberba e um atendimento 5 estrelas.
 
 
9h - Encontrámos-nos junto ao Teatro Cine - lá estava uma carrinha da Câmara e o motorista, o Sr. Mota, com uma paciência e uma disponibilidade inesgotáveis. Aos poucos, os desenhadores foram aparecendo. Não conhecia ninguém, apara além do Carlos.
 
Lá fomos nós numa espécie de rally paper desenhado pelas freguesias rurais do concelho.
 
A 1ª paragem foi na ponte do Rio Ocreza, junto ao moinho do Ti Diogo, que infelizmente faleceu no ano passado. As casas estão a ser recuperadas pelos filhos. Felizmente, antes de falecer o Carlos tratou de perpetuar a história de vida do Ti Diogo, registando longas conversas que resultaram num documentário - O último Moleiro do Rio Ocreza.
 
Desde o casario implantado à beira do rio, até à paisagem envolvente, trata-se de facto de um local extraordinário, que para ser perfeito só ficam a faltar as pessoas. Estava um frio daqueles. O chão ainda estava branco do gelo, mas aos poucos o sol começou a beijar as rochas e as paredes das casas, como que a dizer "Fiquem". Assim foi, ficámos...e desenhámos.
Ao desenhar, dei por mim a imaginar o quotidiano do Ti Diogo, a sua vida pessoal e a relação com os agricultores que aqui vinham deixar os cereais. 
 
 
 
2ª Paragem - Chão da Vã - Deparámo-nos com esta preciosidade. Sentamo-nos a desenhar e rapidamente aparecem alguns moradores, para ver o que é que "estes malandros" andavam a fazer. Das conversas que fomos ouvindo, desde o melhor peixe do dia, ao endireita e ao voltarem, retive esta conversa:
 
"Andam à procura de casa para comprar? Essa não vale a pena, o dono antes de morrer, ofereceu à Câmara, para deitar abaixo. O Largo precisa de mais largueza para a Festa. O problema é que já não há, nem pessoas, nem festa. Mas pelo sim, pelo não, vão mesmo mandar a casa abaixo".
 
É pena, se isso acontecer, atrevo-me a dizer que vão perder a casa mais bonita da aldeia. Mas ficará registada na nossa memória.
 
 
 
3ª Paragem - Lá fomos nós pelas ruas estreitas e curvilíneas até à Malhada do Cervo. Esta casa, pelas tonalidades do xisto, chamou-me à atenção. Juntei-me ao Carlos, até que nos apareceu mais uma solicita moradora - "Querem comprar casa?" " O que é que andam a fazer?" "Querem tomar alguma coisa?" Estou de volta do almoço e à espera do meu cliente, que deve estar a chegar". Ouvimos uns passos, aí vinha o cliente, o marido, ou seja, o Ti Ricardo. Depois de nos contar a vida quase toda, lá foi para casa, atraído pelo cheiro do guisado da sua esposa. Percebemos que estávamos atrasados. De repente o cheiro do guisado tornou-se demasiado violento, tivemos de fugir.
 
 
 
 
 
 
Para mais tarde recordar, eu e o Ti Ricardo.
 
Nota: Nos próximos dias publicarei os restantes desenhos

Publicação em destaque

Nota Biográfica

André Duarte Baptista, arquiteto, nasce em 1980 na cidade de Torres Vedras, onde reside e trabalha. Em 2013, obtém o grau mestre em arqui...