sábado, 12 de agosto de 2017

4º Encontro Montemor Sketchers


Montemor-o-Velho
 
4º Encontro de Desenho
 
Saio da Figueira da Foz rumo a Montemor. Confesso que fui com receio, tendo em conta a cor do céu -negro do fumo provocado pelos incêndios. Mas fui. Há muito que estou para visitar o Jorge e a terra onde vive  e desenha. Esta vontade resulta da admiração que tenho pelo Jorge, pelo trabalho que desenvolve, em prol do desenho e da promoção do papel de palha de arroz. Admiro ainda a sua persistência, tanto na organização de encontros, como na prática diária de desenhar em cadernos.
 
Ao chegar a Montemor, fico maravilhado pela beleza do Lugar (apesar do fumo). A pacatez, a paisagem pitoresca e claro a vista sob o castelo. À minha espera estava o Jorge e a Elsa. Subimos rumo ao castelo. A escada rolante não funciona, raramente funciona. Era totalmente desnecessária. Para além da falta de integração paisagística,  quando funciona, permite que as pessoas cheguem, estacionem, subam, visitam o castelo, descem, entram no carro e vão embora. E a relação com as pessoas? Com os becos e travessas? com o comércio tradicional? Ou seja, com a alma do centro histórico?
 
Aos poucos começaram a chegar os restantes participantes, vindos de vários cantos do país: Porto, Aveiro, Coimbra...etc.
Começámos pela Igreja de S. Martinho, que está em obras. Eu procurei a sombra e comecei a aquecer a mão. Continuei com as folhas soltas e a brincar com a aguarela.
 
 
De seguida, junto-me ao Armando e ao João Tiago. Este muro conquistou-me.
Pelo portão sai uma senhora que nos pergunta:
 
 "São dos Monumentos?". "Não, somos apenas amantes do desenho". "Estão com sorte, se fossem, ia já ralhar convosco. Estão a ver esta miséria. A obra foi embargada. Andámos anos e anos a pedir que eles arranjassem a igreja e nada. Agora arranjámos uma senhora com dinheiro para financiar as obras, chegaram aqui e mandaram parar a obra. Dizem que precisamos de ter aqui um arqueólogo que custa 250€/dia. São doidos. Não arranjam nem deixam arranjar. AAAi que sorte que vocês têm, vinha mesmo com vontade de ralhar.....qualquer dia a senhora morre e nada de obras...." e lá foi a senhora novamente para o interior da igreja.
 
 
A hora de almoço aproxima-se, vamos caminhando até ao quarteirão das artes. Eis que me deparo com este enquadramento. Este desenho deu-me especial gozo a fazer, mas não vou ficar com ele. Vai regressar a Montemor, oferecido ao Centro de Artes do Papel, como forma de agradecimento pela hospitalidade. Foi este que o Jorge (mais conhecido pelo homem do papel), escolheu.  
 
 
 
Depois do desenho, dirigimo-nos ao Centro de Artes do Papel, onde está a decorrer um workshop de fabrico artesanal de papel, dirigido pelo Jorge, que foi o nosso anfitrião, recebendo-nos com um belo banquete.
 
A seguir ao almoço, fomos à Praça da República, onde se encontra o edifício Passos do Concelho. Sentámo-nos na esplanada e saiu um novo desenho.
 
Apesar de ninguém querer sair da esplanada, aos poucos fomos caminhando para o castelo. Mais uma subida, com muito calor. Conforme vamos subindo, vamos vendo as várias frentes de incêndio. As sirenes dos bombeiros não param de "gritar a pedir ajuda". Os aviões não param.
Quando chegamos, encontramos um cantinho com sombra. Decido experimentar o papel de palha de arroz. Muito bom para desenhar edifícios de pedra. Basta usar caneta preta. O papel faz o resto.
 
 
 
Este foi o meu último desenho, que tive de acabar em casa - Igreja de Santa Maria da Alcáçova. Acabou-se a tinta das canetas. Foi a sorte do Jorge (Antunes), que já andava a chamar-me a algum tempo. Fiquei impressionado com espaço interior das muralhas: cuidado, com arvores e relva para bons momentos de lazer.
Descemos pela estrada antiga de acesso ao Castelo, rumo à Cafetaria letra B, para a inauguração da exposição de desenhos do Jorge. Um espaço bastante interessante, com uma pequena galeria. Seguiu-se a habitual partilha.
 
 
Uma palavra de apreço pela hospitalidade dos Jorges, o Antunes e o "homem do papel".
 
Fiquei fã e de certeza que vou voltar.
 
Os desenhos feitos no caderno serão publicados em breve, para não vos cansar.
 

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Nota Biográfica

André Duarte Baptista, arquiteto, nasce em 1980 na cidade de Torres Vedras, onde reside e trabalha. Em 2013, obtém o grau mestre em arqui...